terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Som e Fúria


Que tragédia! A vida é mesmo uma tragédia. Um palco onde os heróis gritam e dançam, e os utopistas choram e rangem os dentes; onde os heróis cospem na cara dos idealistas chorões, cantam, pavoneiam, se ferem, ferem outros, correm de um lado ao outro, sofrem e se alegram sem medo ou ilusões, corajosamente; onde os utopistas derramam suas lágrimas sobre os cacos frustrados de suas ideologias absurdas e ressentidas, enquanto invejam a euforia alegre dos fortes. No fim, o que acontece? Nada – não se fecham cortinas ou apagam-se luzes. Mas, como num passe de mágica, num piscar de olhos, heróis e tolos, protagonistas e coadjuvantes, bestas e vermes, corajosos e covardes, belos e feios, todos caem mortos e desaparecem: um bando de tragos caminhando em direção ao sacrifício – então nada mais é ouvido; todo aquele som e fúria de heróis e deuses esmaece, todas aquelas lágrimas de covardes e fracos desaparecem; os próprios atores deixam de existir. O que? Não houve sentido em tudo aquilo? Mas as Moiras só têm um olho…

"Tomorrow, and tomorrow, and tomorrow,
Creeps in this petty pace from day to day,
To the last syllable of recorded time;
And all our yesterdays have lighted fools
The way to dusty death. Out, out, brief candle!
Life's but a walking shadow, a poor player,
That struts and frets his hour upon the stage,
And then is heard no more. It is a tale
Told by an idiot, full of sound and fury,
Signifying nothing"
Macbeth - Ato 5, Cena 5

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